sexta-feira, 27 de maio de 2011

NENHUMA PALAVRA.

Filhos, para que mesmo eles servem ? Eu tive três, mas quando olho ao redor vejo que não tive nenhum.
Em junho de 2007, a convite de uma emissora de Rádio AM, eu e meu marido ( que é radialista) viemos morar numa cidade do interior do Rio de Janeiro, localizada na serra fluminense. Logo, logo a nossa animação terminou quando no primeiro mês de trabalho, descobrimos que a tal emissora  não cumpria com seus compromissos em dia. Foi o começo de um longo e silencioso tormento que dura até os dias de hoje. 
Sozinhos numa cidade estranha, passávamos dias e dias, semanas, meses e anos sem receber nenhuma ligação, nenhuma mensagem, sem dizer uma palavra a não ser de um para outro.
Filhos, onde mesmo eles ficaram ? No início insistia em ligar afim de distrair,  de fugir por alguns momentos da solidão e da tamanha dificuldade que enfrentávamos , de escutar uma voz diferente, de matar as saudades, sei lá. Mas com o tempo  acabei desistindo, porque com medo que fosse pedir alguma coisa, nem atendiam . É Natal, é dia de Ano, é aniversário, é dia das Mães, é Páscoa, é um ano, é outro... nenhuma palavra, nenhuma outra voz, só a minha e a de meu marido.
Acho que o meu erro foi ter deixado de investir no meu lado profissional, ao invés de ter passados anos e anos com os filhos embaixo das minhas asas, sendo pai e mãe da maneira que a minha condição me permitia. Faltava dinheiro, mas nunca amor ( pelo menos de minha parte). Nessa época eu era feliz, embora todas as limitações que a vida me impunha por ser  mulher, separada, por não ter uma profissão e por ser mãe de três filhos. Foram anos de muitas lutas e provações, mas logo estravam crescidos. 
Um dia, eu pensei que toda dificuldade que tive para formá-los pessoas de Bem se tranformariam em futuros dias prazerosos de muitos sorrisos. Esse pensamento me dava forças para continuar lutando, buscando sempre um dia melhor e um sorriso diferente naquelas feições tão delicadas. Qual nada, triste ilusão !
Hoje ainda moro na serra fluminense. Meu marido arranjou um trabalho no Rio, e eu fiquei com os dias, semanas e meses de silèncio e solidão.