sexta-feira, 30 de maio de 2014

Em busca das minhas colegas de Colégio Madureira, no Rio de Janeiro, dos anos 1970 e 1971.


segunda-feira, 12 de maio de 2014

CARTA PARA UMA FILHA NO DIA DAS MÃES.

Bom dia, minha filha querida.
Ontem você ficou chateada comigo por conta de um simples comentário ( apagado por você) de agradecimento pela pequena parte que me toca referente a toda sua existência aqui nesse plano até o dia de hoje. O que tenho para dizer é que eu fiquei muito aborrecida de ser colocada no mesmo patamar de uma borra-botas que apareceu na sua vida aos 18 anos e que, a única proeza que fez,  foi colocar na cama um homem para fazer você perder à virgindade. Uma borra-botas que ensinou você a mentir para sua mãe, que não demora para que você perceba quem realmente ela é. Digo isso, porque eu passo um ano inteiro empreendendo dentro de mim, um esforço imenso em retribuir aquilo que recebo de vocês diariamente - a indiferença. Mas às vezes a minha essência de mãe, coisa que você não sabe o que é e, pelo jeito nunca vai saber , vem e fala mais alto. Daí e eu me pego (novamente) a catar as migalhas que vocês largam no caminho, para que através delas, eu possa me nutrir de alguma notícia dos filhos que um dia botei no mundo e dediquei a eles a minha total presença enquanto me quiseram por perto. 
Falo isso com muita propriedade, porque vocês têm de mim todos os contatos - telefones, e-mail, whatsapp, Facebook, Instagram, Foursquere, Flickk e o diabo. - , e não têm a mínima dor de consciência em perder alguns  segundos de seus preciosos  tempos, dedicados  parte ao trabalho e outra parte aos seus grandes amigos, os mesmos amigos que outrora seu pai teve  - amigos de copo, amigos de alcova, amigos por interesse - e que o deixou a ver navios na primeira dificuldade que enfrentou, para perguntar como eu estou, como eu acordei e se eu preciso de alguma coisa. E quando leio o que li ontem no Facebook, o meu ser é tomado por um ódio profundo ao lembrar que carreguei você e seus irmãos por 9 meses na barriga com todos os inconvenientes e desconfortos que uma gravidez nos impõe; por ter perdido noites  e noites de sono embalando um filho no colo, ou dentro de um hospital; por ter  tido que aturar ao meu lado uma pessoa repugnante e bêbada, que não tinha nenhum problema em me trair com outras mulheres; por ter parado toda a minha vida profissional para dedicar  meu tempo às pessoinhas muito queridas e igualmente desejadas.... e no final de uma gama enorme  de coisas que tive de abrir mão pela escolha de querer ser MÃE recebo, por todo esforço que empreendi anos inteiros da minha mocidade (no final do dia) uma "homenagem" daquelas! : ser comparada (numa página de Facebook) a uma qualquer que apareceu na sua vida depois de tudo que passei para vê-los criados,crescidos,fortes, bonitos, mesmo com toda dificuldade que foi a minha vida e as inúmeras interferências que sofri da minha mãe, que nunca se conformou com seu lugar de avó. Ódio quando me lembro do risco que corria em comunidades carentes, quando era colocada na frente da linha de tiro para que, ao final do mês, viesse com todo o meu pagamento  e arrancar do rostinho de vocês um sorriso a cada coisa que podia comprar.  
Sabe filha, a boa coisa nisso tudo é que Deus  nos dá o dia seguinte, e hoje acordei bem melhor, pronta para mais um  dia da minha batalha  pela sobrevivência, de correr atrás para pagar no final do mês  a minha moradia, do enfrentamento de me manter viva, alimentada e forte espiritualmente para que no dia seguinte eu possa (re)começar com força total, e pular todos esses obstáculos mais uma vez, dia após dia, acrescido ( é claro) do  dever para com o próximo.... e tudo isso sozinha, graças a mim mesma, já que ( pelo menos) nem uma palavra de incentivo eu recebo da parte de vocês.
Um dia ( na minha adolescência) eu sonhei em ter uma enorme família sentada à mesa... filhos, genros, nora, netos. Que ironia da vida! Hoje, se nem o único teto para morar, mesmo sabendo vocês que não tenho um trabalho e nem meios para sobreviver dignamente,  me foi negado tamanho o egoísmo que carregam dentro de si e a má vontade em tudo que se refere a mim.Não faz muito tempo que ouvi  da sua boca: "nós não queremos você aqui", foi o mesmo que Judas fez a Jesus, lembra. Mesmo assim eu continuo  recolhendo as migalhas,   sabendo eu que sou tratada por vocês como uma leprosa,  afinal mãe é mãe...tem jeito não. Ô vida dura ! Depois das dores sentidas e do produto pronto, todos querem ser o pai, nesse caso, a mãe.
Filhos, "sabe de nada, inocente!".
 Que você tenha uma boa semana.