domingo, 17 de outubro de 2010

Não lembro muito da minha infância. Não sei o porque disso, uns psicólogos dizem que alguma coisa de muito ruim deve ter acontecido em algum momento da minha formação, tão ruim que uma parte do meu cérebro não me deixa lembrar - a explicação é mais ou menos essa. Acredito nessa hipótese, pois tive uma infância conturbada, em meio a pais professores que queriam me enfiar num modelo completamente do que eu cabia.
Minha mãe engravidou dois anos depois de casada. Ela era uma mulher muito bonita, com uns olhos verdes lindos, parecia a Tonia Carreiro (atriz) quando nova. De família numerosa e pobre, foi a única filha a se interessar pelo estudo. Foi normalista do Carmela Dutra, e com 18 anos já dava aulas na Escola Pará (Rio de Janeiro). Uma professora exemplar, porém dura.
Meu pai sonhava em ser advogado. Filho de imigrantes portugueses, teve que estudar para ser professor ( visão portuguesa de seu pai, que era comerciante), quando um de seus irmãos ( o mais velho) resolveu abrir um colégio - O Curso Madureira. Aluno da UEG (hoje UERJ), formou-se em Pedagogia e Letras.
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Acordei logo cedo com uma mensagem em meu celular: meu filho ( Luiz Otávio Junior - 23 anos) estaria internado no Hospital Miguel Couto ( Leblon/Rio de Janeiro), com uma fratura no tornozelo desde ontem.
Aquela mensagem enviada por minha filha caçula ( Gabriella - 22 anos), de uma forma seca e fria, acabou com o marasmo dia que começava . Naquele momento queria sair correndo daqui e poder vê-lo, mas a falta de dinheiro não me deixa sair de onde estou. Apreensiva, ligo para a minha filha Marcella ( 26 anos) e, como sempre não atende o telefone. Envio um torpedo. O silêncio continua. 
Ligo para a minha filha caçula, nada. Envio um torpedo... nenhuma notícia. O nervoso toma conta de mim. Até que, depois de muito insistir, consigo falar com meu filho que responde:
- Não é nada, vou ter que fazer uma cirurgia, só isso. Pisei na bola jogando futebol. Mas não precisa vir aqui, qualquer coisa eu aviso. Tchau.
É muito triste saber que não sou querida, que a minha presença não faz a menor diferença.
Tudo por conta do dinheiro.

Um comentário:

Tânia Gama disse...

Parabéns pela postagem!
Fique na paz. Bjs.