quarta-feira, 26 de setembro de 2012

SENTA QUE LÁ VEM MAIS UMA HISTÓRIA.



A medida que vou construindo o meu blog "A Colecionadora de Silêncios", vou partilhando algumas de minhas histórias ( de vida) com vocês. Ele ainda está meio desordenado, mas logo que tomar corpo, vou ajeitá-lo sequencialmente.
Hoje eu levo vocês para o meu ano de 1999, mais ainda para o início do mês de abril, onde eu trabalhava como administradora de um condomínio na Barra da Tijuca chamado "Nau da Barra"...como eu fui parar lá? Ah, essa é uma de muitas histórias fantásticas ( sobrenaturais) e inacreditáveis que aconteceram na minha vida -  com a conspiração do Universo e a ajuda dos  chamados "Anjos", que vou deixar para contar em outra oportunidade.
Pois bem, foi exatamente no mês de abril deste ano que comecei a perceber algumas alterações no meu corpo, um sangramento menstrual além da normalidade. Como trabalhava o dia inteiro e precisava daquele salário para colocá-lo nas despesas de casa e de meus filhos, fui deixando o tempo passar, negligenciando um problema que se tornou muito mais sério meses depois. O problema se agravou a ponto de não poder mais trabalhar, pois os sangramentos iam aumentando com o passar do tempo, impedindo que saísse de casa.Como desgraça nunca vem sozinha, nesta época meu marido estava desempregado, o dinheiro só vinha do meu trabalho que passei a não ter. Como nunca tive nada na minha vida, só me restava o hospital público. Daí fiz uma inscrição e comecei a esperar a data da consulta, marcada para 3 meses depois. Só que a doença foi se agravando, o sangramento piorando, aumentando cada vez mais. No desespero, procurei a minha mãe e contei o caso para ela. Respondeu que iria consultar o seu médico para ver o que poderia ser. Pois bem, o médico dela ficou apavorado e pediu que fosse até lá para ser examinada e acabou descobrindo que tinha um caso raro de mioma, o chamado "mioma parido", que abria uma cavidade por dentro e ia acabar morrendo se não fosse operada de emergência o mais rápido possível. Esse mesmo médico, diante da gravidade do problema, ligou para a minha mãe se prontificando a operar-me de graça, mas não poderia pagar a equipe de  anestesistas do bolso deles ( que cobravam R$1.500,00 ). Sabe o que ela respondeu? Que era problema meu, que eu me virasse com os meus problemas sozinha, porque ela não ia tirar os R$ 1.500,00 da despesa de casa de jeito nenhum.
Senhores, comecei a uma corrida de encontro ao tempo, a bater de porta em porta sem que ninguém me ajudasse. O tempo foi passando e já estava muito debilitada, com uma anemia quase que profunda, pois meu hematócrito chegou a 19, onde o normal seria 44 na mulher. Já não comia porque não sentia apetite, tinha taquicardias constantes e um sangramento que não me deixava sair do banheiro. Para se ter uma ideia, eu colocava uma toalha de banho entre as pernas e retirava 5 minutos depois, lotada de placas de sangue. Um dia, depois de passar a madrugada debaixo do chuveiro vendo a minha vida se esvair na água, meu marido me pegou pelo braço e me levou até ao Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes. E lá, logo disseram que não tinha vaga para internação. Num ato de desespero ele tirou a carteira de Imprensa do bolso e disse que iria chamar os jornais se ele tivesse que voltar comigo naquele estado para a casa e me ver morrer sem socorro. Bastou para a vaga aparecer e começava ai uma longa jornada de recuperação até a minha cirurgia, pois eu estava totalmente debilitada, com pressão, glicose, tudo alteada por conta da anemia.Fiquei 25 dias internada tomando sangue quase que diariamente ( porque saía tudo por baixo), de repouso absoluto e sendo medicada para então poder ser operada e me livrar de vez daquela agonia. Durante esses 25 dias internada e deitada num leito de hospital quase à morte, minha mãe e meus irmãos não se deram ao trabalho de levantar a bunda do seu conforto de seus lares para irem me visitar, e isso  me levou a questionar que tipo de ser humano era aquele que tinha me parido. Porque eu jamais deixaria uma pessoa sem socorro ( mesmo um desconhecido), a não ser que não tivesse nenhuma forma de ajudar, o que não era o caso dela. Minha mãe sempre foi uma pessoa que fez questão de mostrar para os outros que é uma boa pessoa, uma boa professora quando estava na ativa, uma boa avó, uma boa esposa, uma boa vizinha, uma boa patroa, uma boa mãe ( para os meus dois irmãos, porque para mim ela sempre fez questão de dizer desde pequenina que não gostava de mim, e que filho ela só tinha parido dois).

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