quarta-feira, 25 de julho de 2012

carta aos meus queridos leitores ( parte III)


 Pois de todas as dores que senti na vida, mesmo quando ainda com 12 anos escutava (sem entender) minha mãe dizer que não gostava de mim, não foi pior que a apunhalada que levei, sobretudo de quem dediquei grande parte da minha vida e do tempo, tempo esse que poderia ter aproveitado para me realizar profissionalmente, talvez hoje eu teria o dinheiro que eles tanto perseguem e me olhassem com respeito. E quando tive, por força das circunstâncias, retornar ao mercado de trabalho, estava desatualizada, não sabia mexer em computador e tive de fazer o que aparecia, desde vender Barsa, até plano de saúde e, por fim, ser papa defunto.Também sei que é muito difícil permanecer com a sua essência depois de tanta porrada que a vida nos dá, mais ainda daqueles que você pensa que te querem bem, contudo  tento não mudar, pois não quero me transformar numa pedra.Não quero me transformar numa pessoa oca, sem sentimentos, igualmente vejo no semblante de muitas pessoas que mora aqui onde estou morando.
 Minha mãe sempre esteve ao meu lado, talvez para tentar empurrar-me de volta, caso tente sair do buraco. É assim que ela faz até os dias de hoje, falando mal de mim para todos que a cercam, minando a minha pessoa com comentários maliciosos, naquela vozinha doce, essa sim é a chamada "boazinha". Sempre procurou me "ajudar", dando uma esmolinha ali, outra aqui, para manter a sua consciência tranquila e a certeza de manter-me longe de sua área de atuação. Dessa forma se mantém informada da situação e pode agir, caso me mexa muito para tentar do buraco que ela cavou para eu deitar. Pois ela tem que ser, não só o centro, mas frente, laterais e fundos de atenção. Nunca se colocou na posição de avó, e depois que o "títere" do pai morreu, outro maria-vai-com-as-outras, que embora vivessem as turras dentro de casa, embarcava nos enredos doentes que ela criava, e não fazia nada para frear suas loucuras e sandices para não arrumar problemas de convivência, se ocupou de jogar os meus filhos contra mim, de mansinho, aos pouquinhos, como ninguém quer nada...querendo. Hoje eu consigo compreender com uma certa clareza o que aconteceu, depois ( é claro) de muitas ajudas ( de fora, sempre dos outros) de professores, de devorar livros e livros de psicologia que me eram indicados por eles, tentando entender todo o enredo da minha existência. Mas até chegar nesse estágio sofri hororres, porque ela me culpava por tudo, até de não ter sido nada na vida profissionalmente. Aos 19 anos tive que, por conta das circunstâncias, sair de casa porque não aguentava mais chegar cansada, depois de um dia de trabalho no banco e de faculdade ( na época a de jornalismo) a noite, ter que correr pela casa com ela atrás de mim me com um facão, dizendo que ia me matar porque não aguentava olhar para a minha cara, casa esta onde sempre fez questão de dizer que não era minha, que nunca tinha sido benvinda ali, só os seus dois filhos. Cresci me achando o lixo do lixo, uma pessoa desprezível e incapaz de ser feliz e de fazer os outros felizes (porque vamos combinar, é terrível para um filho ser o culpado da infelicidade dos pais, sendo apontado noite e dia sem saber porque, isso sim é uma covardia das grandes, jogar para cima de outro a culpa por seus problemas e não aceitação). E foi dessa forma que ela foi avançando ei ganhando terreno, tirando de mim aquilo que ela tanto queria - o lugar de mãe dos meus filhos. E o faz até os dias de hoje, me chamando de burra, de horrorosa, de traste, de pobre, de incompetente, só que não dou a mínima pelota para ela diz, pelo contrário, hoje o que sinto é pena de uma pessoa com 78 anos na fuça não ter aprendido nada com a vida, e continuar tendo o prazer de ferir o outro com palavras para que continue lá no pedestal de de boazinha ao lado de todos, boa mãe e boa avo, sendo ( como ela sempre quis) o centro das atenções...penso o que será escrito no epitáfio quando se for e a terra comer como come nós todos. Lamentável! Isso sim é pobreza...de espírito. Detalhe, comprando todos, porque se não o fizer, também não aparece ninguém, porque o vento que venta lá, acaba ventando cá (assim dizia a minha avó querida, que corria de casa quando minha mãe chegada da escola, para que não visse me cobrir na porrada sem mais nem menos, que Deus a tenha!).
É claro que tem muita gente não gostaria que estivesse publicando essa história, que ainda tem muita coisa para contar, porém como vivo hoje isolada de tudo e de todos, sem que ninguém me procure  ou telefone. escrever  também é uma forma de catarse, de exorcizar aquilo que te incomoda, por isso o faço, não tem o untuito de agredir ninguém, mesmo porque a única agredida nessa história fui eu.

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